castanho-claro

um olhar castanho-claro

esse estúpido, vazio e maravilhoso
olhar castanho-claro.

darei um jeito
nele.

você não precisa mais
me enganar
com seus truques
de Cleópatra
de cinema

já se deu conta
de que se eu fosse uma calculadora
eu poderia entrar em pane
registrando
as infinitas vezes que você usou
esse olhar castanho-claro?

não que não seja o que há de melhor
esse seu olhar castanho-claro.

algum dia um filho-da-puta louco
irá matá-la

e então você gritará meu nome
e finalmente entenderá
o que já devia ter entendido

há muito
tempo.


O amor é um cão dos diabos (2007, pág. 171).

estar sozinho

quando você pensa em quantas vezes
tudo dá errado
você começa a olhar para as paredes
e permanece lá dentro
porque as ruas são o
mesmo filme antigo
e todos  os heróis acabam como
o velho herói do filme:
bunda gorda, cara gorda e o cérebro
de um lagarto.

não é de admirar que
um homem sábio irá
escalar uma montanha de 10.000 pés
e sentar-se lá esperando
e vivendo de baga de arbusto
em vez de apostar em duas covinhas dos joelhos
que certamente não vão durar a vida inteira
e 2  em cada 3 vezes
não sobreviverá por uma noite.

montanhas são difíceis de escalar.
as paredes são suas amigas.
conheça suas paredes.

o que eles nos deram lá fora
é algo que mesmo as crianças
se cansaram.

Permaneça com suas paredes.
elas são o amor mais verdadeiro.

construa onde ninguém constrói.
é o último caminho que resta.

http://bukowski.net/manuscripts/displaymanuscript.php?show=poem1976-09-05-be_alone.jpg&workid=676